Paredes um concelho com história e arte!

Assente no antigo julgado de Aguiar de Sousa e, atualmente, parte integrante do Vale do Sousa e da Área Metropolitana do Porto, o concelho de Paredes situa-se no centro de um triângulo (Porto, Guimarães e Vale do Douro) classificado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade.

Além de integrar uma região paisagística interessante, o Vale do Sousa, Paredes remonta à origem da nacionalidade portuguesa e possui várias tradições artesanais, dentro das quais podemos destacar a arte de trabalhar a madeira.

No concelho de Paredes, nomeadamente nas freguesias de Duas Igrejas, Lordelo, Rebordosa e Vilela, a arte de trabalhar a madeira é uma atividade muito antiga, transmitida por sucessivas gerações e testemunhada por antigos artífices, como o marceneiro e o entalhador, assim como pelos centenários engenhos hidráulicos de serração de madeira localizados ao longo dos rios Ferreira e Sousa.

A figura da cadeireira (ou carreteira), já extinta nos dias de hoje, marca eminentemente a história do concelho de Paredes, fazendo parte da memória da população mais envelhecida. As cadeireiras eram mulheres, cujos familiares trabalhavam como marceneiros e a quem cabia transportar às costas ou à cabeça o mobiliário produzido. Estas mulheres carregavam cadeiras, armários e outras peças de mobiliário, a pé, por caminhos e montes com a ajuda da silha ou estribeira (pano com corda), para destinos muitas vezes longínquos, como Porto, Vila do Conde, entre outros.

Durante séculos, a Igreja foi a principal entidade compradora de mobiliário monástico, contudo, a partir dos séculos XVII-XVIII, com o surgimento da Arte Barroca, houve um impulso da produção decorativa artística dos elementos ornamentais, como os retábulos.

Este aumento de encomendas levou a um aumento do número de marceneiros, aprendizes e, consequentemente, de marcenarias.

No século XVIII, com D. João V, a marcenaria portuguesa ganha um cariz muito próprio, repleto de talento e criatividade, presente não apenas nas Igrejas, mas também no mobiliário civil e doméstico.

A inauguração da via-férrea Porto-Penafiel, em 1875, com três estações dentro do concelho de Paredes, veio facilitar a distribuição e o transporte dos produtos, designadamente do mobiliário, levando ao progressivo desaparecimento da função das carreteiras.

Mais recentemente, no século XX, mais precisamente desde 1931 até à década de 80, com a eletrificação progressiva, notou-se um aumento exponencial relativamente à instalação de carpintarias e serrações de madeira, devido à emergência de cooperativas de eletrificação.

Atualmente, o concelho de Paredes conta com uma forte capacidade no que toca à indústria do mobiliário, destacando-se como o maior produtor nacional de peças de mobiliário.

Com o desenvolvimento tecnológico e com a industrialização, a arte de trabalhar a madeira manualmente, tende a desaparecer. De forma a colmatar o desaparecimento desta tradição artesanal e a valorizar a indústria atual, o concelho de Paredes tem vindo a desenvolver diferentes estratégias de valorização social, turística e cultural das artes em madeira e do setor do mobiliário de forma a preservar e promover esta arte que tanto representa a região.